"Participei nesta quinta-feira, 20/06/13,
da manifestação histórica que levou às ruas de Cuiabá cerca de 50 mil pessoas,
a esmagadora maioria de jovens. Nos 4 km, aproximadamente, que separam a
Prefeitura da Assembléia Legislativa constatei que a nossa Cuiabá está fétida.
Suas ruas, em vários pontos, exalam mau cheiro de esgotos, alguns vazando e
escorrendo a céu aberto.
Mas
os jovens pouco ou nada ligavam para isso. Estavam corretamente mais atentos
aos maus cheiros que emanam das nossas instituições e da nossa sociedade:
corrupção; impunidade; políticos quando processados ou condenados, permanecendo
a ocupar funções políticas; velhas lideranças políticas desgastadas, e, no
entanto, comandando posições políticas chaves na nação; má qualidade nos
serviços públicos essenciais como saúde, segurança e educação; construções de
estádios, verdadeiros elefantes brancos, perante tantas carências básicas da
sociedade; iniciativas políticas altamente questionáveis como a PEC 37; etc.
Observei
que os protestos foram explícitos e firmes, mas pacíficos. A absoluta maioria
não demonstrava a mínima atitude agressiva ou vândala. A polícia teve pouco
trabalho, agindo em apenas alguns poucos casos isolados. A tônica do movimento,
enfim, se pautou na coragem de indignar-se e na consciência cívica em dizer não
a falta de ética e de eficiência das instituições públicas, e dizer sim aos
interesses públicos e coletivos, tão comumente vilipendiados.
Aonde
estas manifestações nos levarão? Não sei, contudo a postura destes jovens me fez
refletir sobre as gerações anteriores, nas quais os meus 52 anos
inevitavelmente me incluem. Vi (com
certa tristeza e melancolia confesso) que as gerações passadas perderam esta
coragem e consciência, demonstradas nas lutas pela redemocratização; pelo fora
Collor dos caras pintadas; pelas conquistas a vários direitos civis e
trabalhistas historicamente relegados à segundo plano.
Aquele
senso cívico e patriótico que tínhamos foi se esvaecendo ao longo dos anos.
Parece que suas manifestações ficaram restritas a jogos da seleção de futebol
quando existem inúmeros casos e oportunidades em que ele se faz mas necessário. Muitos
de nós mandamos as favas a ética, a moralidade, o apreço à verdade e à
honestidade, o compromisso com a palavra dada, a fidelidade à ideologia
proclamada; Por outro lado, demos viva à conquista e manutenção do poder, à
vaidade, ao interesse econômico, à vitória a qualquer custo, ao prazer fácil e
imediato... Em resumo, aderimos à filosofia pós-moderna do desfrutar e sugar o
máximo possível do aqui e agora, em detrimento de tais valores.
Como
conseqüência, fizemos um Brasil um pouco melhor materialmente daquele que
recebemos sim, mas que está cheirando muito mal em várias questões.
O
PT é, talvez, o exemplo mais claro deste processo de transformação, desta
metamorfose às avessas: a borboleta de atraente ideologia que, no poder,
construiu o seu casulo e de lá saiu lagarta, cega e ávida em devorar mais e
mais poder, custe o que custar, doa a quem doer. Agora a pior notícia: a transformação
em lagarta não tem caminho de volta.
Parabéns
jovens manifestantes! Mas, Cuidado! Não se deixem transformar em lagartas.
Tenham em mente que os seus filhos e netos, os jovens futuros, não hesitarão de
ir às ruas lhes apontarem os erros em alto em bom som, assim como hoje vocês
com todo o direito estão fazendo.
Viva
a juventude do Brasil! "
Cuiabá-MT,
21 de junho de 2013.
Edison
Luiz Borges Francisco
Funcionário Público Federal, Administrador e Advogado.
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